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O não livre arbítrio em Black Mirror: Bandersnatch

O não livre arbítrio em Black Mirror: Bandersnatch

“Eu diria para você tentar de novo da próxima vez com escolhas diferentes”…

BLACK MIRROR: BANDERSNATCH é um filme de ficção interativo da série de televisão antológica Black Mirror, lançado em 2018 e tem um estilo totalmente inovador, você pode escolher o destino do personagem semelhante a um jogo de RPG, mas logo no início você percebe que o livre arbítrio não existe, se suas escolhas não forem como a Netflix deseja você é levado a uma tela onde pode escolher novamente e assim prosseguir. Este artigo possui spoilers de Black Mirror” siga por sua conta em risco.

Você pode assistir o filme sem ter visto os outros episódios da série, porém o mesmo tem muitas referências a episódios, como esse símbolo:

Ele é presente em um dos episódios mais fantásticos da série: Urso Branco (White Bear) segundo episódio da segunda temporada, onde Victoria Skillane é a protagonista do episódio onde é condenada, juntamente com o seu namorado Lain pelo crime de homicídio de uma criança por nome de Jemima, que tinha um urso branco. Seu namorado usava uma máscara com esse símbolo quando matou Jemina e o autor do livro desenhou esse símbolo com o sangue da sua esposa quando a matou. A partir daí esse emblema fica conhecido e se torna marca registrada do episódio. Antes de ser julgado, seu namorado comete suicídio e perante a sociedade isso foi considerado injusto diante da barbaridade cometida, sendo assim para evitar que Victoria fosse na mesma direção, foi sentenciada a uma espécie de prisão em um espetáculo onde é aberto ao público e todos os dias revive as lembranças do crime que cometera e no final do dia sua memória é apagada levando assim a um ciclo sem fim.

Outra grande referência é ao jogo “MetalHead” onde tem um poster na parede da empresa:

O episódio é o quinto da quarta temporada, é uma história com cenário pós-apocalíptico contada totalmente em preto e branco, o destaque desse episódio é o cachorro robótico assassino (literalmente) que persegue os personagens durante o episódio.

Quando se assiste mais de uma vez é possível descobrir novas cenas, ou outros finais e até perceber pontos significativos, como por exemplo, no início quando o pai e filho tomam café da manhã juntos é possível ver um cachorro cavando o mesmo local onde ele enterra o pai em um dos finais alternativos.

O livre arbítrio

Livre arbítrio é a capacidade que cada pessoa tem de escolha em suas ações, que caminho deseja seguir e etc. A expressão é usada por diferentes religiões, mas o verdadeiro significado de livre arbítrio tem traços religiosos (de acordo com o que você acredita), psicológicos, morais e científicos.

No início temos a sensação que podemos escolher de fato o destino do personagem, mas o que acontece são finais alternativos onde todos o protagonista tem um fim trágico onde é morto ou preso, entendendo claramente que livre arbítrio não existe. A ideia que não fazemos a nossas próprias escolhas é afirmado no decorrer do filme quando Stefan está assistindo o documentário do autor do livro Bandersnatch e uma senhora diz:

Você é apenas uma marionete, não está no controle

Durante o filme você tem a falsa sensação de estar no controle e isso nos leva a uma reflexão onde na verdade não temos controle de nada,  cada ser vive em um universo mental particular, com experiência única e pessoal. Quando Stefan e Colin estão em seu apartamento sobre o efeito de drogas, Colin compara nossa realidade ao jogo Pac Man onde não existe saída, morremos e voltamos para o mesmo lugar, tentamos nos livrar do labirinto mas não é possível devido os nossos próprios demônios. São grandes reflexões que deixa nossa cabeça daquele jeito que somente Black Mirror sabe fazer.

Como Colin diz para Stefan quando ele é preso: “Eu diria para você tentar de novo da próxima vez com escolhas diferentes”

Realmente isso é muito Black Mirror…

Beijinhos de Luz

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